O projeto AdoleScER com o Cinema realizou na terça feira (9), uma oficina de artesanato e registro de memórias na Escola Municipal Isabel Polônio Tavares, em Murundu, reunindo alunos, professores e artesãos locais para ensinar técnicas manuais e produzir material para um documentário que registra saberes e histórias da comunidade. A iniciativa foi promovida pelo Serviço Social em parceria com a Gerência de Produção de Conteúdos Educacionais Digitais da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct), com o objetivo de aproximar estudantes das linguagens audiovisuais e valorizar a identidade local.
Na parte da manhã os artesãos Marina Viana e Joilson Viana, mãe e filho, conduziram a oficina prática, mostrando às crianças como tecer vassouras de palha de iri e cestos de bambu. A professora Leila Alves Vargas participou ativamente e aproveitou a oficina para trabalhar conceitos de matemática e ciências com os alunos, explicando sobre a planta iri, conhecida também como brejáuva, uma palmeira silvestre com múltiplas utilidades na região. Todas as crianças tiveram oportunidade de experimentar as técnicas de tecelagem, transformando a atividade em aprendizado concreto.
No período da tarde, os alunos saíram a campo para realizar entrevistas como parte do documentário do projeto. Durante a pesquisa de moradores locais conheceram e filmaram Toninho Pereira, morador centenário da comunidade, que tem 100 anos e ainda faz suas caminhadas diárias. Toninho relatou lembranças dos tempos do trem, relatos sobre sua trajetória de trabalho e contou que colaborou com o reflorestamento de parte das margens do riacho que corta Murundu.
As crianças também visitaram a casa de Creuza Francisca de Oliveira, bisavó de Lucian Cardoso Cercilier, aluno participante do projeto, onde ouviram histórias de família e aprenderam práticas tradicionais como o preparo do colorau com as mãos e a confecção de tapetes sem o uso de ferramentas modernas. Essas atividades destacaram a importância dos saberes ancestrais e deram aos estudantes experiências sensoriais que serão registradas no produto audiovisual em desenvolvimento.
O projeto AdoleScER com o Cinema busca, entre outras metas, possibilitar aos estudantes a construção coletiva de um filme, instrumentalizá-los para comunicação por meio de atividades artísticas audiovisuais e estimular o uso do cinema como ferramenta pedagógica no processo de ensino e aprendizagem. A ação também visa ampliar o repertório tecnológico e cultural dos alunos, motivá-los a assumir protagonismo sobre suas histórias, incentivar o conhecimento da ancestralidade e do território e promover reflexões sobre identidade, raça e gênero associadas às mídias e às artes.
A professora Leila Alves Vargas destacou o impacto do projeto afirmando que “tem proporcionado às crianças o resgate de suas origens, quando aborda temas relacionados a sua comunidade e, mais que isso, a sua história e de suas famílias”. Para ela. o interesse dos alunos a cada descoberta, a cada entrevista, foto ou filmagem tem demonstrado a relevância do projeto. “A história de uma comunidade é rica demais para ser esquecida. A comunidade fornece as lindas histórias do passado e as crianças as registram no presente para que fiquem eternizadas no futuro”, conta.
A diretora Valéria Peixoto Rodrigues ressaltou o caráter integrador da iniciativa e afirmou que o projeto é muito importante “porque permite que as crianças conheçam melhor a comunidade em que vivem e aprendam a valorizar tudo o que ela oferece, passando a entender o trabalho dos agricultores, da criação de gado, do artesanato local e de onde vêm os materiais utilizados nessas produções”. A atividade em Murundu segue como exemplo de como práticas pedagógicas e memórias coletivas podem se entrelaçar para formar um arquivo vivo da comunidade, enquanto o documentário produzido pelos estudantes deve registrar e divulgar essas histórias para além da escola.
Por Jorge Rocha / Fotos: Divulgação
